Não sei o que responderia se o meu filho perguntasse:
- Papai, fantasma existe? Você tem medo de fantasma?
É possível que eu entrasse em um drama psicológico que só Freud explicaria, uma vez que não faz parte deste século, portanto é isento da impregnação caótica , síndrome da modernidade.
Fantasma – uma figura mito que caminha por longos e longos séculos na imaginação da humanidade, cai em descrédito nesta década, contaminada pela filosofia contemporânea: Levar vantagem em tudo. A degradação de tabus e mitos vem ocorrendo com uma voracidade espantosa e hoje já estão na galeria dos vencidos e esse mal do século ameaça seqüestrar e destruir o sustentáculo da criatividade: a imaginação.
Em séculos anteriores, falava-se muito em fantasma e em imagens assustadoras - Camões que o diga- Objeto de causos de nossos ancestrais nos deixa estarrecidos e preocupados com a mudança nos últimos anos desse mito abstrato que passou para uma imagem de concretude: Funcionário-fantasma, eleitor-fantasma, paciente-fantasma e por aí segue.
A sofisticação chegou a um grau tamanho que surgiu o cliente-fantasma, correntista de banco como qualquer indivíduo movimentando em contas correntes altas somas de dinheiro e com direito ao sigilo bancário garantido pela constituição! Pasmem! É possível até que haja esposas de maridos-fantasmas e até filhos destes brigando por uma eventual herança! E por que não?
O que preocupa qualquer indivíduo consciencioso é a descaracterização dessa mola propulsora da criatividade chamada imaginação. Se não for extraído esse mal, ganharemos um ser real! E em contrapartida perderemos os irreais! E os que habitam nas obras de nossos escritores será que estarão protegidos? Não seria esse caos a razão de não termos hoje um homem pensante, criativo e imaginativo?
(Ademar Oliveira de Lima)
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